05 de fevereiro de 2021
Por Vitor Hugo Travi
Sempre tive necessidade de estar conectado com a natureza, mesmo na infância e adolescência quando andava pelos campos e matas acampando e sentido os elementos de perto, fossem eles uma tempestade que açoitava a barraca, ou um festival de trovoadas e raios que sacudiam o chão, encantando e apavorando ao mesmo tempo; ou num rio de serra sentindo a água limpa e gelada e observando as capivaras que também me observavam; ou sentado dentro do mato bem quieto observando um bando de gralhas se refestelar com os pinhões maduros em um outono fresco e ensolarado; ou ainda andando descalço pelo campo nativo sentindo o contato forte e áspero das gramíneas roçando a sola como se fosse uma massagem gaudéria.
A natureza, para mim, é o contato com a vida, com os seus sons, cheiros e gostos. Ela me liga no automático e me embarca numa viagem que não tem começo e nem fim, mas que é muito cheia de atrativos e de emoções. Uma conexão com a natureza é um aprendizado de convivência, de formas de trocas de energia e encantamento. Ela é mais forte para uns do que para outros, existindo aqueles que simplesmente não conseguem nível nenhum de empatia. Como tudo, há que se ter tempo, dedicação e gosto pelo campo, rio, mato ou banhado, independente do encontramos nestes ambientes. Mosquitos, moscas, mutucas, borrachudos, aranhas e serpentes são os responsáveis por afastar milhares de pessoas de um convívio mais íntimo com a natureza, mas se soubermos um pouco sobre eles, seus hábitos, necessidades e épocas de maior frequência, podemos conviver muito bem com todos, cada um nos seus limites.
Sentir na pele uma brisa e saborear o som e o arrepio que ela provoca; ouvir o canto de uma ave num esforço para atrair uma fêmea para o acasalamento; ouvir o tagarelar de uma cachoeira perdida no meio de um campo, cantando como se estivesse saudando o dia; tentar entender a sinfonia produzida pelo vento nos galhos e folhas de uma floresta, cada árvore com seu timbre e notas próprias, sibilando ou gritando, gemendo ou rangendo; parar para apreciar um final de dia num ponto escolhido e que permita ter um horizonte amplo a frente, prestando a atenção nas mudanças de cores que vão se operando à medida que a terra se esconde do sol; deitar no campo e sentir o frio do orvalho em uma noite de lua nova, escura como breu, mas com milhões de estrelas para serem apreciadas sem a interferência de luz nenhuma; pular cedo da cama ou da barraca e se postar diante do nascente e espiar os primeiros raios de sol que vem com vagar e começam a pintar a paisagem novamente com suas cores, ocultas que estavam durante toda a noite.
Conecte-se, sinta a natureza, escute o vento, aprecie o pôr do sol, sinta a vida. Faça muitas tentativas se for necessário. Garanto que o prazer sentido será único e tornará você um viciado nesta experiência.
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